Nossa salário integral! Clamamos...
José Carlos Reis Feitosa
De praxe tem sido a atitude de Governos do município de Campo Formoso de
não pagarem salários do último mês da gestão passada aos professores na data
prevista . Não importando partidos anteriores, bocas ou coligações... Parece
que querem a ferro e fogo fazer os professores aceitarem essa condição.
Não bastasse as mazelas do oficio, onde nos deparamos hoje com um total
desrespeito ao profissional, quando os profissionais da educação são apontados
como sendo quebradores do Brasil por terem ferias de 45 dias, aposentadoria
especial, descanso pedagógico, piso nacional e lanche grátis.
Quanta ignorância os olhos que nos enxergam assim. Com certeza falácias de
pessoas que nunca estiveram a frente de várias turmas compostas por 40 alunos
indisciplinados, desmotivados e com hábitos modernos de menosprezo e desrespeito
ao profissional que no mínimo busca cumprir com sua obrigação de transmitir
conhecimentos para uma maioria que nao quer.
A missão de fazer alguém que não quer, querer, vai além do cansaço físico,
e extrapola o emocional.
Será que realmente quebramos o Brasil, com férias de 45 dias, onde durante
essas férias não conseguimos deixar de nos preocuparmos se realmente teremos
alunos suficientes para garantirmos nossas turmas no ano letivo vindouro, sem
que seja preciso um remanejamento de disciplinas a ser ensinada, escola, ou
mesmo localidade? Muitos não conseguem ter seu descanso com tal preocupação,
pois, sua instável situação de permanência nas atividades educativas podem ser
alteradas. Daí vem outros questionamentos do tipo: Como fazer as ações de
Projetos Políticos Pedagógicos e de Planos a longo prazo se efetivarem nas
escolas?
Será que a aposentadoria especial é regalia quando ao chegarmos já aos 18
anos de ensino já estamos com forças limitadas bem visíveis a quem quer que
adentre a uma sala de aula e nos vejam sem voz, sem enxergar direito, com dores
na coluna e com um nervosismo a flor da pele por não tolerar mais a rotina de
tantas turmas e escolas; Imagina aos 25 anos de trabalho?
Será que temos descanso pedagógico quando em nossas folgas ou aos fins de
semana temos de correr para darmos contas da correção de 200, 400 ou 600
avaliações mais ou menos, que fazem em média duas por bimestre tendo de 30 a 90
aulas semanais para serem planejadas onde envolve pesquisas, estudos, leituras,
preparação de atividades, correções, etc?
Será que nosso piso nacional é regalia? onde limita-se o mínimo que se
torna máximo para recebermos como salário onde o profissional precisa trabalhar
em sua maioria dois ou três turnos para assim ter o salário que garanta no
mínimo seu padrão de vida e fazer um trabalho decente? subtraia desse piso 15%
de IRRF, 11% de IPCF, despesas de transporte, plano de saúde, colaborações para
eventos escolares, vestimentas, alimentação, educação dos filhos, aluguel, remédios,
IPVA, IPTU e outros, ao final temos de contar as moedas para chegar ao fim do
mês;
E sobre o lanche grátis, nossa grátis? Onde esta o grátis pois diante de tantos
descontos em nossas folhas para assim manter despesas publicas, negar a
participação na merenda escolar em que nossos alunos compartilham conosco é o
mesmo que deixar o professor olhar para comida e não poder comer estando com
fome.
Por fim, agora querem pagar nosso merecido salário em suaves prestações...
Nossa salário integral! Clamamos...
Aqui gostaria de apontar apenas algumas situações diante dessa proposta
absurda.
Acham pouco o profissional atuar diante de tantas mazelas?
Falta de recursos nas escolas, falta de infraestrutura, indisciplina,
desrespeito, atenção, zelo, etc. São tantas negatividades enfrentadas pelo
profissional que aqui imaginamos como fica sua força para assim melhor o quadro
da educação, seja escolar, municipal, estadual ou federal?
Com que poder um diretor pode propor a execução de planos que venham de
encontro as reais necessidades da educação se o principal motivador é tão
desrespeitado? Nem seu salário tendo mais direito nas datas obrigatórias.
Se referindo ao merecido salário do mês mais difícil do ano, Dezembro que
se manifeste: Fim de ano, unidade curta, prazos a cumprir com avaliações
dobradas, resultados a apresentar,
formulários a preencher, pressões de conselhos escolares, etc
Será que merecemos receber nossos salários em pedaços? Justamente do mês
que mais trabalhamos e precisamos?
Quem foi que teve férias
tranquilas em 2017? Quem pode viajar? Dar um presente a seus amigos, família?
Em fim descansar? Depois vamos as cobranças...em 2017 queremos melhorar tudo, índices,
evasão, repetência, e mais e mais...Com certeza ouviremos isso ! Tom Hanks
afirma:
Qual diretor,
coordenador que tem moral para exigir tanto desses profissionais injustiçados
pelas desculpas em seus compromissos financeiros?
Quantos não tiveram de
recorrer a empréstimos bancários, com juros exorbitantes que não aparecerão
ninguém para pagá-los a não ser ele mesmo que tendo de minimizar suas despesas
de 2017 para assim honrar seus credores.
Quando nos referimos ao
salário que merecemos apenas reafirmamos o que realmente é de nos por direito e
cabe a quem está na condução dessa máquina buscar alternativas para garantir isso.
Se somos obrigados a buscar empréstimos, pedir ajuda seja lá a quem for,
porque o cartão de crédito não é dividido sem juros, aluguel não é parcelado em
5 vezes, supermercado não pode ser acumulado então o que nosso gestor pode
fazer?
Jogar o problema para nós? Não é a melhor solução...queremos nosso salário
integral, precisamos dele! Merecemos !
Será que estamos regredindo, voltando a era em que se pagava sal pelo
trabalho exercido? Sal para nosso dias atuais não têm tanto valor comparado a
outros alimentos, porem é necessário pois sem ele não existe gosto, prazer em
se alimentar. Não é porque a palavra salário que vêm do latim(salarium argentum) e
significa pagamento em sal que vamos ter de receber em pedaços suficientes
para comprarmos sal. Precisamos mesmo é quitar todos nossos débitos que foram
empurrados para fevereiro.
Biblicamente falando “Porque diz a Escritura: Não ligarás a boca ao boi que debulha. E: Digno
é o obreiro do seu salário.” (1 Timóteo 5:18). Portanto, já
estamos a mais de um mês sem recebermos.
Um dos
pecados mais cometidos pelos Gestores Públicos em nosso país é exatamente
reter, ou não pagar o valor justo, ou atrasar os salários dos servidores, e
podemos observar que não é apenas um ato injusto, mas um pecado:
“Eis que o salário dos
trabalhadores que ceifaram os vossos campos e que vós, desonestamente,
deixastes de pagar está clamando por justiça; e tais clamores chegaram aos
ouvidos do Senhor dos Exércitos”. Tiago 5:4
“Porque o salário do pecado é a
morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso
Senhor.”(Romanos 6:23).
Para nosso tempo e nosso
sistema capitalista essa situação tem uma solidificação contundente na manutenção
e propagação da exploração do homem. Ou seja, o serviço de educação não é
prioridade para a ascensão do professor e muito menos do estudante que fica com
a pior parte, uma educação precária e capenga.
Há uma exploração apoiada e
legitimada pelo Estado, aqui representado pelo poder público.
Karl
Marx critica: “Os Capitalistas e os proprietários, procuram aumentar os seus
rendimentos diminuindo o rendimento dos trabalhadores, é, pois esta situação de
exploração da Força de Trabalho pelo Capital que é a essência do Capitalismo,
que reside precisamente na exploração da força de trabalho pelo Produtor
Capitalista.
Então
o que fazer nobres colegas professores?
Vamos
pensar, vamos nos unir, vamos aos primeiros debates e reflexões acerca das
ações para 2017, dialogar com nossos gestores para assim não permitirmos tanta
exploração e desumanização para com nossa classe. Mas acima de tudo vamos
formar opiniões em sala de aula para que nossos futuros professores não venham
a ter seus salários não pagos ou divididos em suaves prestações como se nossa
atuação não tivesse valor diante da sociedade.
Fortes
na força vamos que vamos!
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